Pesquisar este blog

sábado, 28 de janeiro de 2012

Larguei ....


Após a madrugada já feita e galos ensaiando cantos, ainda que a cidade tente sufocar seu grito, revejo os amigos no Facebook. Àqueles que mesmo longe ainda fazem parte de nossas vidas porque um dia foram presentes. Ao som de Lúcio Yanel, interpretando tangos, chamamés e chacareras vejo fotos, comentários e aqueles que “curtem”, uns aos outros. Fantástico mundo virtual que nos aproxima e tanta coisa positiva nos mostra. Frases de motivação, otimismo, outras falando em amor, sentimento e fé. Até que algo nos atinge, como a lança dos maragatos, ou a bala dos chimangos, fazendo rodar pingo e campeiro em derradeiro lançante.
Aos parecidos a mim, o campo é fonte de vida, é infância, presente e sustento. O gaúcho é o pai, o avô, a mãe e a avó .... quizá os filhos. Eis o retrato que se apresenta: um cusco, ainda que cômico, aparece pilchado, faca na cintura e lenço colorado no pescoço. E abaixo de bizarra gravura a ignorante frase: “Larguei, agora sou gaudério tchê” . Como se a última alternativa que restasse a um cidadão fosse ser gaudério. Mesmo que essa palavra fosse empregada no seu real sentido, de pessoa de vago destino e sem paradeiro certo, isso me fere os brios. Mas, de forma mais absurda, a palavra gaudério significa gaúcho na dita frase.
Envergonho-me diante de meus pais e dos retratos dos meus avós. Perdão por fazer parte da geração que lhes considera apenas gaudérios e que os recorda como borrachos laçando reses fracas em pistas de arreia. O cusco, fiel amigo, aparece tímido, como a envergonhar-se também diante de tal exposição ..... mas é cômico aos olhos ignorantes que o “curtem” e “compartilham".

Quisera voltar a este espaço para falar de nossa terra, dos meus amores e sonhos ...... mas o cotidiano me faz protestante na defesa dos meus, que tanto sofreram para sustarem a condição de GAÚCHOS E GAUDÉRIOS ..... “Larguei, agora sou gaudério tchê” ..... lamentável...... 


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O Meu Tempo .....

O meu tempo virou pó e se ergueu no corredor quando a tropa ali cruzou. O meu tempo se encharcou quando as águas vieram fartas nas cheias de São Miguel e Santa Rosa ... O meu tempo se perdeu em rodada de cavalo e ali ficou apertado, mas com cabresto na mão. O meu tempo se entanguiu quando o Agosto e o Minuano cortaram a sua carne, mas por tempo já curtido, em próprio pala se abrigou. O meu tempo, repetido, é tempo gasto em Sóis e Luas, invernias e mormaços. Em meu tempo nem o mango, ou  o laço impôs fronteiras e divisas. O meu tempo é tempo velho e muito sábio por antigo. Por ser bueno é meu abrigo em tempos de solidão e sonoro se acomoda em verso e em canção. Esse tempo já judiado que de há muito tempo é tempo, me encontrou pelo caminho e me fez parar um momento. Vi o tempo que ali vinha e o tempo que atrás estava e percebi que meu presente em tempo antigo se encontrava. Assim segui em frente com meu tempo no costado ... Tempo que virou pó, se encharcou e se entanguiu, rodou, ficou apertado ..... mas de cabresto na mão.
De Araujo




domingo, 10 de julho de 2011

Volver a Mi Pueblo (Martina Iñiguez y Mateo Villalba)


Qué lindo chamigo, volver a mi pueblo!
Sentir al abrigo del Sol los recuerdos.
Crecer en la brisa que huele a poleo;
Ver que a las veredas asoman las sillas,
Buscando aire fresco...

Qué lindo chamigo, estar de regreso!
Con flores de campo y aromas de huerto.
Prenderme un ramito
 de amor en el pecho
Y hambriento de estrellas, mirando la noche,
Llenarme de cielo...

                   Volver a mi pueblo es sentir que lo quiero.
                   Notar que la vida se agranda en el pecho.
                   Entender de pronto quién soy y confiado;
                   Mirar a la gente a los ojos, creyendo...
                 
                   Saber que a mi tierra por siempre me debo
                   Y darle en un canto mi voz y mis versos.
                   Vivir el milagro de ver que de a poco
                   Devuelvo lo mucho que me dio mi pueblo...


Qué lindo chamigo, andar hoy de nuevo
Las calles tranquilas bajo el Sol pueblero!
Llegar al arroyo que guarda mis sueños
Y desde la orilla, llorar con los Sauces 

Y arder en los Ceibos...

Qué lindo chamigo, volver a mi pueblo!
Sentarme el domingo a charlar con los viejos 

Vivir sin la urgencia implacable del tiempo,
Tomando unos mates, beberme de a sorbos
La vida en mi pueblo...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Nasceu o "guitarrero" .......

Assim como uma milonga, ponteada em 1ª e 2ª, simples é o que vou postar a seguir. Sencillo, pero verdad. Aí é eu vejo a dificuldade: falar coisas de fundamento sem usar extensas linhas e palavras rebuscadas. Andar sovando dicionário para compor rimas ricas em vocabulário e pobres de sentido. Não vou me alongar ...... nem posso fazer isso. A seguir transcreverei um regalo de um amigo ....... um regalo que me obriga a partilhar-lo pelo tanto que representa. Gracias Pantufa, amigo Rodrigo Menezes.

"Não se conhece o dia que el gaucho domou a guitarra. Sabe-se o dia sim, em que esta se fez atalho de tempo e distancia da querência. Neste dia nasceu ..... nasceu o guitarrero. Mais do que somente um homem, uma extensão desta prenda criolla. Completos são estes homens que num abraço de madeira conseguem expor suas almas em acordes de bordonas e primas."  (Rodrigo Menezes)

domingo, 3 de abril de 2011

Imagens

Acho que já deveria ter escrito o que recém agora me dei por conta. Claro, para mim é familiar a imagem que ilustra o blog. Muito familiar. Tanto que me "olvidei" que aos outros é um lugar desconhecido. Não falar sobre ela é como não lhes apresentar uma pessoa conhecida, alguém de minha família. No alto à direita está o Cerro dos Cardosos ........... o ponto mais alto desse lugar que atende por "Rincão do Forno", 5º Distrito São Diogo, município de Sant'Anna do Livramento. É uma divisa de invernadas. Do lado de lá, invernada de cria, do lado de cá machos de "sobreano" e um lote de ovelhas com  gêmeos. Nessa ocasião eu levava sal para os cochos. Diz meu pai, segundo meu avô: "em época de seca a gente leva o gado com sal e água". Sabedoria do campo, que não consta na grade currícular das faculdades. Nessa invernada da frente talvez eu tenha uma das imagens mais remotas de minha infância. Meu pai montando uma égua picaça com um pala azul, de franjas, e eu "adiante" entre suas pernas e a cabeça do basto. Nas "grotas" que aparecem lá adiante "melei abelha", derrubei casa de Camoatim e "saquei" cabo de relho e "ferrões", tomei água nas vertentes e as vezes que ajudei a parar esse rodeio nem lembro. Mas o tom de nostalgia é só para dar maior relevância a esse lugar. Porque eu ainda tomo água nessas vertentes e ajudo a parar esse rodeio. Ainda levo sal para o gado porque ainda fazem secas. As vacas do lado de lá da cerca já pariram e os sobreanos do lado de cá já foram pra invernada do 12,  de onde deverão sair gordos nesse mês de Maio ........... assim como aqueles que meu avô apartava no rodeio do paraíso para se juntarem com a tropa que vinha do Alegrete. De fato ............ em época de seca a gente leva o gado com sal e água ............ se não fosse assim o Capim - Caninha que se vê nessa invernada não estaria engordando gerações .............. de bois e homens. A imagem está apresentada ........... e iguais a essa existem tantas outras .......... ficam na Pampa por sinal ...........

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O Herói Gaúcho!

Há dias que não escrevia nada neste espaço. Resultado da pressa cotidiana e as vezes da falta de inspiração que o ambiente urbano me proporciona ...... Mas esses dias me enviaram um convite ............ não veio à cavalo, como àqueles dos bailes de campanha. Veio pelo orkut. Tratava-se de uma comunidade que atendia pela alcunha de "Pampeanos". Entrei ..... não de chapéu e esporas colgados no cabo da faca e um colorado à meia espalda. Entrei no más ....... participei da tal comunidade. De pronto avistei um tópico que tinha o propósito de saber quem era de fato o verdadeiro herói do Rio Grande do Sul. Resolvi opinar ............ não como um Júlio de Castilhos, um João Francisco de Assis Brasil, ou um Getúlio Vargas. Opinei com minha escassa sabedoria e com muito de coração. Logo se sobressaíram dois candidatos nesse tópico: David Canabarro e Giuseppe Garibaldi. Defensores dos dois apareceram. Eu escolhi outros heróis ............ vários. Tantos quem nem sei o nome de todos. E de nada irá adiantar buscar seus nomes em livros, em praças, ou ruas. Eles não estarão nesses lugares. Não estarão em lugar algum. São anônimos............... Deixei de lado as convicções políticas e militares que os demais participantes dessa enquete escolheram. Como diria algum "antigo", contando um causo com um palheiro no canto da boca, .............. "busquei outra volta". Meu comentário no dito tópico dessa comunidade que falo foi o seguinte: "Creio que os verdadeiros heróis gaúchos são anônimos ........
São os laceiros negros ..... os peões que viraram militares durante as revoluções ..... os domadores que arrocinaram cavalos pra demarcar nossas fronteiras .......... os índios que nos legaram o sangue e o amor pela terra .............. nosso estado é único por isso ....... levantamos nossa bandeira independente de fronteiras, religião, ou políticas .......... antes de sermos brasileiros somos PAMPEANOS."




Encerrei o comentário com as mesmas palavras da primeira postagem deste espaço. É claro que não fiz essa afirmação acima esperando que viessem elogios e aplausos à minha pessoa. Mas nas postagem que se seguiram a discussão seguiu à cerca de David Canabarro e Giuseppe Garibaldi. E os meus heróis? Bom, nesses ninguém mais falou. Ninguém contra, ninguém à favor. Os meus heróis seguiram anônimos ............ e assim sempre serão ................. anônimos e Pampeanos.
E assim me veio à mente versos de Jayme Caetano Braun......


Por isso quando me apeio
Num cemitério campeiro
Eu sempre rezo primeiro
Junto a cruz sem inscrição,
Pois na cruz feita a facão
Que terra a dentro se some
Vejo os gaúchos sem nome
Que domaram este Chão. 

Fragmento do poema Cemitério de Campanha,
 de autoria de Jayme Caetano Braun.


sexta-feira, 24 de setembro de 2010