Após a madrugada já feita e galos ensaiando cantos, ainda que a cidade tente sufocar seu grito, revejo os amigos no Facebook. Àqueles que mesmo longe ainda fazem parte de nossas vidas porque um dia foram presentes. Ao som de Lúcio Yanel, interpretando tangos, chamamés e chacareras vejo fotos, comentários e aqueles que “curtem”, uns aos outros. Fantástico mundo virtual que nos aproxima e tanta coisa positiva nos mostra. Frases de motivação, otimismo, outras falando em amor, sentimento e fé. Até que algo nos atinge, como a lança dos maragatos, ou a bala dos chimangos, fazendo rodar pingo e campeiro em derradeiro lançante.
Aos parecidos a mim, o campo é fonte de vida, é infância, presente e sustento. O gaúcho é o pai, o avô, a mãe e a avó .... quizá os filhos. Eis o retrato que se apresenta: um cusco, ainda que cômico, aparece pilchado, faca na cintura e lenço colorado no pescoço. E abaixo de bizarra gravura a ignorante frase: “Larguei, agora sou gaudério tchê” . Como se a última alternativa que restasse a um cidadão fosse ser gaudério. Mesmo que essa palavra fosse empregada no seu real sentido, de pessoa de vago destino e sem paradeiro certo, isso me fere os brios. Mas, de forma mais absurda, a palavra gaudério significa gaúcho na dita frase.
Envergonho-me diante de meus pais e dos retratos dos meus avós. Perdão por fazer parte da geração que lhes considera apenas gaudérios e que os recorda como borrachos laçando reses fracas em pistas de arreia. O cusco, fiel amigo, aparece tímido, como a envergonhar-se também diante de tal exposição ..... mas é cômico aos olhos ignorantes que o “curtem” e “compartilham".
Quisera voltar a este espaço para falar de nossa terra, dos meus amores e sonhos ...... mas o cotidiano me faz protestante na defesa dos meus, que tanto sofreram para sustarem a condição de GAÚCHOS E GAUDÉRIOS ..... “Larguei, agora sou gaudério tchê” ..... lamentável......
Sentir al abrigo del Sol los recuerdos.
Crecer en la brisa que huele a poleo;
Ver que a las veredas asoman las sillas,
Buscando aire fresco...
Qué lindo chamigo, estar de regreso!
Con flores de campo y aromas de huerto.
Prenderme un ramito de amor en el pecho
Y hambriento de estrellas, mirando la noche,
Llenarme de cielo...
Volver a mi pueblo es sentir que lo quiero.
Notar que la vida se agranda en el pecho.
Entender de pronto quién soy y confiado;
Mirar a la gente a los ojos, creyendo...
Saber que a mi tierra por siempre me debo
Y darle en un canto mi voz y mis versos.
Vivir el milagro de ver que de a poco
Devuelvo lo mucho que me dio mi pueblo...
Qué lindo chamigo, andar hoy de nuevo
Las calles tranquilas bajo el Sol pueblero!
Llegar al arroyo que guarda mis sueños
Y desde la orilla, llorar con los Sauces
Y arder en los Ceibos...
Qué lindo chamigo, volver a mi pueblo!
Sentarme el domingo a charlar con los viejos
Vivir sin la urgencia implacable del tiempo,
Tomando unos mates, beberme de a sorbos
La vida en mi pueblo...